O que a Califórnia tem para ensinar sobre o uso consciente de água?

A cidade de Sacramento, capital do rico estado norte americano, também sofreu com escassez, mas tomou medidas para incentivar a redução do consumo de água

uso consciente de água
Engana-se quem pensa que o pioneirismo e referência do maior e mais rico estado dos Estados Unidos se restrinja ao cinema ou ao segmento agrário. A Califórnia também tem revelado pulso firme diante da rígida seca enfrentada não apenas por ela, como por muitos vizinhos norte-americanos.

Exibido no Programa Cidades e Soluções no começo de outubro, o caso de Sacramento, capital da Califórnia, chama atenção pela simplicidade e eficiência das medidas educativas adotadas.

Uma das providências iniciais do Departamento de Conservação de Água da região de Sacramento, capital do Estado, foi abandonar os tradicionais e emblemáticos gramados em frente às residências. Comprovou-se que metade da água consumida nas moradias envolve a manutenção dessas áreas e a lavagem de carros. Com a água economizada, surge a possibilidade de abastecer as muitas árvores espalhadas pela cidade.

Criado em março deste ano, o programa Cash for Grass, cuja tradução é algo como “Troque sua grama por dinheiro”, paga ao morador uma quantia em dinheiro proporcional à área do jardim substituída por arbustos nativos, que além de oferecer sombra, necessitam de pouca água. São pagos U$5 por metro quadrado, quantia que pode atingir até U$1000.

Aos moradores que desrespeitarem as diretrizes, há quatro advertências, sendo que a primeira consiste na multa de U$50 e a última, U$1000, ocorrência ainda não registrada. Sinais de desperdício, como poças de água, também são passíveis de multa. Ao receber a primeira notificação, deve-se frequentar a escola de conservação de água, assim como acontece com as infrações de trânsito.

Com isso, a expectativa é educar a população com regras simples. Tudo indica que o objetivo tem sido atendido, o que se justifica em parte pela participação ativa da vizinhança em denunciar os casos de desperdício e, em parte, pela incorporação de novos hábitos logo após a primeira advertência.

A eficácia também é transferida ao sistema de irrigação, que funciona por meio de pequenos tubos com furos instalados no solo, no lugar do abastecimento pelas corriqueiras mangueiras. O controle da água expelida baseia-se em medidores de tempo, que evitam o desperdício. Obrigatório, o sistema deve ser instalado com parte do dinheiro recebido pelo morador.

Ainda que incipiente, a iniciativa já gerou bons frutos: 40% de economia na conta de água de cada uma das 200 residências que aderiram à proposta. Para cumprir a meta de reduzir em 20% o consumo de água, Sacramento ainda adotou outras regras. Dentre elas, foi implementado que o morador só regue o jardim ou lave o carro em dois dias da semana a partir das 10h ou depois das 19h. Para as casas com número par, a ação se resume às terças e sábados, equanto às ímpares, quartas e domingos.

A mudança de prioridades e estilo de vida da Califórnia, que encontrou uma saída para cultivar um alto padrão de vida em meio à escassez de água, serve de lição também para o Brasil.

A atual crise da água pelo Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento de São Paulo, traz urgência para a tomada de medidas, como o exemplo de Sacramento. Diversos fatores associados levam cada vez mais a escassez, desde fenômenos climáticos locais; baixos índices de permeabilidade do solo, que impedem que a água da bacia infiltre adequadamente; e por fim, e mais importante, a ausência de gestão preventiva com relação a toda a bacia hidrográfica.

Felizmente, também se multiplicam as atitudes que podem ser tomadas, pela própria população, para reverter o cenário, como sistemas de captação de água de chuva, de reuso de esgoto e a própria redução de desperdício diário.
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