A hora e a vez das cooperativas

A indústria deve investir nelas para cumprir sua parte na logística reversa

Por Fernando de Barros

A Política Nacional de Resíduos Sólidos define o compartilhamento de responsabilidades para realização do manejo e destinação adequados dos resíduos sólidos entre consumidores, comércio e indústria. Pela nova lei, o consumidor deve separar e dispor da forma correta os resíduos orgânicos, como sobra de alimentos que vão ser destinados à compostagem e virar adubo. Por sua vez, o consumidor deve separar o rejeito, aqueles resíduos que ainda não possuem viabilidade para reciclagem, como papel higiênico, fraldas descartáveis, absorventes femininos.

Já os resíduos recicláveis, geralmente as embalagens longa vida, latas de alumínio e metal, vidros, plásticos e papéis, devem obrigatoriamente voltar para a cadeia produtiva, na qual o papel poderá se transformar novamente em papel, o plástico em plástico, o metal em metal e o vidro em vidro.

Mas, na prática, como fazer com que esta cadeia de reciclagem funcione? Um caminho que contemple a inclusão social são as cooperativas de catadores de materiais recicláveis, que geralmente agregam pessoas de baixa renda com dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho, seja pela falta de oportunidade, baixa escolaridade ou pela idade avançada.

Os catadores acabam por prestar serviço extraordinário para o meio ambiente, ao recolher de casa em casa os sacos de materiais recicláveis e, segregando-os em barracões, podem comercializar cada tipo de material com as indústrias de reciclagem. Indispensável para a preservação ambiental, a reciclagem poupa insumos naturais com o aproveitamento daqueles que já foram extraídos da natureza, geralmente com gastos enormes de energia elétrica e água.

As cooperativas, porém, ainda vivem de pires na mão, com dificuldades extremas para funcionar, ressalvadas raríssimas exceções. Acredita-se que esse cenário vai mudar, pois, com a logística reversa, as indústrias e o comércio precisarão investir nas cooperativas para que elas façam o trabalho de recolher e triar suas embalagens. Sem as Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, será mais difícil para a indústria e comércio reciclar as embalagens, cuja destinação agora é de sua responsabilidade.

Por isso, a indústria deverá investir nas cooperativas, como forma de cumprir sua parcela de responsabilidade no sistema de logística reversa. As cooperativas não precisam de esmola e sim dos investimentos para garantir o recolhimento das embalagens de responsabilidade dos fabricantes e, assim, remunerar de forma justa seus cooperados, pagar o INSS, ter equipamentos de proteção individual, caminhões e equipamentos para desenvolverem cada vez melhor suas atividades.

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