O desafio da recuperação ambiental em reflorestamentos no Paranapanema

Levantamento revela biodiversidade a ser monitorada para avaliar a recuperação ambiental nas margens de usinas operadas pela Duke Energy

recuperação ambiental A recuperação florestal das margens dos reservatórios é requisito para o licenciamento de atividades de geração de energia elétrica. Contratada pela Duke Energy Geração Paranapanema, a equipe de biólogos da Master Ambiental concluiu levantamento conforme condicionante do Ibama, em áreas reflorestadas no entorno das Usinas Hidrelétricas de Rosana e Chavantes, no rio Paranapanema, divisa entre os estados do Paraná e São Paulo.


A fauna e flora foram levantadas para embasar a definição da metodologia de monitoramento, que ao longo do tempo permitirá mensurar o retorno da biodiversidade nessas áreas degradadas, que estão em processo de recuperação ambiental. O monitoramento poderá atestar a efetividade das ações e identificar aspectos que facilitam ou prejudicam o reflorestamento.

A qualidade ecológica dos reflorestamentos foi analisada em quatro ACAS – Áreas de Recuperação e Conservação Ambiental, duas localizadas no reservatório de Rosana e duas de Chavantes, além de três ilhas. As áreas foram reflorestadas em diferentes datas e a região do entorno dos reservatórios é ocupada predominante por pastagens.

As ACAS foram definidas pelo Ibama, conforme Programa de Uso do Solo do Reservatório de Rosana, por ocasião do licenciamento ambiental das Usinas, construídas a partir de 1980 até 1987, quando ocorreu o barramento do Rio Paranapanema. Há reflorestamentos em algumas ACAs de Rosana iniciados há 25 anos.

São áreas sensíveis, sujeitas a processos erosivos, que sofrem alagamentos sazonais, também importantes para a reprodução de peixes e anfíbios. Os estudos exigiram a formação de uma equipe altamente especializada, dedicada a analisar: flora, avifauna (aves), mastofauna (mamíferos) e herpetofauna (répteis e anfíbios).

“Há recolonização por espécies mais sensíveis?”, é a questão que norteia o levantamento, segundo a explicação do biólogo Eduardo Panachão, consultor da Master Ambiental, especialista em Gestão e Manejo Ambiental de Sistemas Florestais e Mestrando em Biodiversidade e Conservação de Habitats Fragmentados.

“A presença de espécies endêmicas ou específicas e ameaçadas de extinção baseia a importância de um fragmento”, explica Panachão. Foram registradas diversas espécies ameaçadas de extinção nos levantamentos. Ele comenta que em campo é preciso olhar atento para a identificação das espécies sensíveis tanto da fauna como da flora, “mas sem ignorar as demais espécies, é claro que é importante encontrar as outras também”, ressalva.

Como o objetivo principal é restaurar serviços ambientais, a presença de espécies sensíveis é um indicador positivo de conservação do ambiente.

Destaque para os papagaios, araras e soldadinho

noticia-monitoramento-ara-chloropterusComo em toda a fauna, dentre as aves há aquelas mais sensíveis e outras generalistas, que se adaptam mais facilmente aos ambientes. Em geral, a avifauna se beneficia de reflorestamentos, quando utilizam espécies frutíferas que as atraem e pela própria facilidade natural de locomoção, que é o voo.

Conforme o biólogo responsável pela avifauna, Renan Oliveira, foram registradas mais de 140 espécies de aves na ACA Nova Pontal, no reservatório de Rosana. “As nove espécies de papagaio identificadas são um bom sinal da qualidade do reflorestamento, já que eles se alimentam de frutos”, explica.

noticia-monitoramento-antilophia-galeataNa ACA Paranapoema, também em Rosana, foram registradas 130 espécies de avifauna. “Encontramos a Arara-vermelha e o Soldadinho, aves criticamente ameaçadas no Paraná”, relata Oliveira. Ele explica que a presença da arara indica o trânsito entre áreas próximas. “As aves são imprescindíveis para regeneração de florestas, pois atuam como agentes dispersores, promovendo, em certa medida, a reconstituição de áreas impactadas”, esclarece.

Para ele, o monitoramento de fauna e flora é ferramentas de validação dos reflorestamentos, uma vez que avalia a eficiência dos métodos aplicados.

noticia-monitoramento-de-fauna-rhinella-shineideriA situação da herpetofauna foi um pouco diferente. Tanto em Nova Pontal quanto em Paranapoema, foram identificadas 17 espécies de anfíbios e seis de répteis. Segundo o biólogo responsável pelo estudo da classe de herpetofauna, Ricardo Lourenço de Moraes, os répteis auxiliam no controle populacional de presas e pragas locais, uma vez que servem de alimento para os vertebrados. Contudo, não foi possível determinar se o reflorestamento gerou efeito positivo na herpetofauna. “É provável que as espécies encontradas tenham sobrevivido às alterações humanas da área”, acredita. Ao contrário dos mamíferos maiores, como onça parda, anta e cateto – espécies identificadas nos fragmentos – os anfíbios e répteis são difíceis de se encontrar pela dificuldade de locomoção.

FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL

noticia-monitoramento-floraQuanto à flora, o biólogo Eduardo Panachão lembra que o nível de conservação de determinada área é analisada por uma série de fatores, como a qualidade do solo e da água, além do fato que fragmentos reflorestados isolados apresentaram menor diversidade em comparação aos integrados a outras matas. “Quanto mais estruturada a vegetação, mais espécies sensíveis são encontradas”, explica.

Nestes casos, uma das medidas que pode ser adotada são os corredores ecológicos, utilizando as matas ciliares que permitem a conexão das áreas afastadas. “Cultivar espécies frutíferas que atraem pássaros também é uma alternativa”, cita, destacando as espécies de plantas zoocóricas, que propagam suas sementes por meio da alimentação dos animais.

Alerta-se para a necessidade de promover a conexão com outros fragmentos maiores para permitir o fluxo da biodiversidade e enriquecer com outras espécies.

De acordo com Eduardo, foram observados outros fatores que dificultam a qualidade dos reflorestamentos, como produtores do entorno que deixam gado avançar nas áreas de reflorestamento, além da braquiaria, espécie invasora que pega fogo com facilidade. De acordo com ele, houve pouca regeneração na
tural de espécies, além daquelas cultivadas, o que evidencia como é difícil recuperar ecologicamente um ambiente.Saiba mais sobre a consultoria da Master Ambiental, clique aqui. 

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