Monitoramento é essencial para gestão da coleta seletiva

Realizado periodicamente, os indicadores sobre a qualidade da separação mostram a adesão da população

Monitoramento é essencial para gestão da coleta seletivaA partir da cobrança do Ministério Público para que o Município adequasse a situação do aterro controlado, na época com capacidade praticamente esgotada, foi iniciada em 2009, a coleta seletiva de Ibiporã – PR. Com o princípio de segregar os resíduos na fonte geradora, antes mesmo da publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o programa priorizou a participação da população, sensibilizada por meio de campanhas de educação ambiental no rádio, TV e de porta a porta em todas as casas da cidade.

Até aí, muitos municípios já fizeram, o que hoje se tornou uma obrigação legal. Porém, um dos maiores diferenciais da coleta seletiva de Ibiporã foi o programa de monitoramento, desenvolvido para acompanhar a implantação em 2009 e em andamento até hoje. A Master Ambiental é responsável pelo monitoramento, descrito em relatórios mensais. Já foram entregues mais de 40 relatórios desde o início do programa, o que possibilita um histórico da evolução da coleta seletiva muito raro de encontrar nos Municípios brasileiros.

O cientista ambiental e consultor da Master Ambiental, Caio Dalla Zana, técnico responsável por elaborar e implementar o programa de monitoramento, acumulou experiência na implantação de gerenciamento de resíduos e explica que o monitoramento, como ferramenta de transparência, mostra aos gestores de resíduos quais aspectos devem, de fato, melhorar na coleta seletiva. “Em Ibiporã, o monitoramento gerou várias informações que o município não tinha, a partir dos dados diários da coleta”, ressalta.

Inicialmente, cerca de 30 toneladas de lixo eram despejadas por dia no aterro, com uma coleta de recicláveis incipiente, quase não havia segregação prévia, na fonte geradora dos resíduos. A partir do lançamento da campanha, a quantidade de resíduos coletada subiu para quase 40 toneladas diárias, porém distribuídas entre recicláveis, orgânicos e rejeitos.

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O monitoramento deve indicar dados compatíveis com a realidade. Para tanto,o estagiário da Master Ambiental e graduando em Engenharia Ambiental, Mateus Nunes, explica que o primeiro passo é verificar o peso dos recipientes que irão acondicionar os resíduos para pesagem. Na sequência, são pesados os resíduos no recipiente e verificado o peso da massa total da forma que foi destinada pelos geradores, sem separação.

Então, é realizado o chamado quarteamento dos resíduos, para determinar a composição gravimétrica, que significa dividir o montante de resíduos coletados em quatro partes iguais. Duas partes são descartadas e duas constituirão o objeto da amostragem. Então, o pesquisador separa as partes em recicláveis orgânicos e rejeitos e pesa cada tipo separadamente. A relação entre o peso de cada tipo e o peso total mostrará uma porcentagem que representa a pureza da segregação na fonte. Ou seja, a partir da amostragem verifica-se quanto daquela massa de resíduos foi coletada como reciclável e era mesmo reciclável e quanto estava misturado com outros resíduos. Com a composição gravimétrica em mãos é possível verificar a eficiência da coleta seletiva.

Coleta Seletiva

Segundo o consultor Caio Dalla Zanna, o reflexo imediato da implantação da coleta seletiva em 2009 foi o crescimento potencial da segregação de resíduos, que foi estabilizado com o tempo, por conta da ausência de novos mecanismos de mudança. “Também existe uma variação sazonal resultante das mudanças do clima e do consumo da população”, complementa. Com isso, a geração de resíduos tende a diminuir no meio do ano, enquanto no final a propensão é que aumente.

Uma consequência da ausência de segregação na fonte é a impureza do resíduo coletado, que dificulta não apenas o reaproveitamento dos resíduos, como também o valor agregado. Em Ibiporã, “a expectativa é melhorar a pureza dos orgânicos, pois ainda não há qualidade suficiente para um bom composto orgânico”, afirma.

Por outro lado, alguns resultados são positivos, como a separação de recicláveis. “Antes da coleta, eram 1500 kg diários de reciclável, agora são mais de 9000 kg”, ressalta Dalla Zanna. O aumento revela empenho da população em participar da coleta seletiva. Além disso, também foi perceptível a mudança de comportamento do próprio Município. “Em 2009, ela tomou providências após ser cobrada pelo Ministério Público. Em 2013, o caráter é mais preventivo, antecipando futuros problemas”, conclui.

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