Bom exemplo em ibiporã

Em Ibiporã, segregação na origem reduz volume aterrado de lixo em 80%

por Fernando de Barros

A geração de lixo é hoje um dos mais graves problemas ambientais do Brasil. Somente no meio urbano, são geradas aproximadamente 160 mil toneladas de lixo doméstico por dia – o equivalente a 0,8 kg de lixo por habitante ou 3,2 kg por uma família de quatro pessoas. Do total, a maior parte é depositada em lixões a céu aberto, o que contribui de forma expressiva para a contaminação dos nossos recursos naturais, degradação de imensas áreas urbanas e proliferação de doenças.

A boa notícia, neste contexto deplorável, é que a solução está bem próxima de nós. Um programa simples de separação dos resíduos dentro das casas, como o que está sendo implantado em Ibiporã, pode ser o primeiro passo. O sistema se baseia na segregação dos resíduos de acordo com sua composição: recicláveis, orgânicos e rejeito. Cada um dos três tipos de resíduos é coletado por um caminhão diferente, num dia da semana, e recebe a destinação adequada.

Os recicláveis voltam para a indústria da transformação e são reaproveitados; o lixo orgânico, composto basicamente por restos de comida, passa pelo processo de compostagem e se transforma em adubo; e o rejeito é depositado numa vala impermeabilizada.

Por incrível que pareça, esse sistema simples pode reduzir o volume de lixo depositado em aterro em mais de 80%. Isso porque o lixo orgânico, que equivale a 50% do que é gerado em uma casa, passa a ser inteiramente reaproveitado (hoje, apenas 0,9% dos orgânicos no Brasil passam por compostagem!).

O mesmo acontece com os recicláveis, que remontam a aproximadamente 30% do total. E o rejeito, que é composto majoritariamente por fraldas, papel higiênico e absorventes femininos, pode ser destinado aos aterros segundo rigorosas normas ambientais.

Esse é o modelo que está sendo testado com sucesso em Ibiporã, cidade de 40 mil habitantes que já viu o volume de lixo depositado em aterro cair mais de 80%. Também é notável o aumento da segregação de recicláveis e a melhoria da eficiência da segregação nas casas. Em Londrina, onde o licenciamento do futuro aterro veda a destinação de lixo orgânico, a solução mais viável deve seguir os mesmos passos de Ibiporã.

Além da melhoria do gerenciamento dos resíduos, este programa integra toda a população no projeto de Educação e Conscientização Ambiental. Essa nova visão sepulta o comodismo de achar que a responsabilidade de cada um pelo destino do lixo termina quando o saquinho é colocado para fora de casa. Na verdade, do ponto de vista do meio ambiente, é neste momento que os problemas estão apenas começando. Até a próxima semana!

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