Pesquisa científica mostrará a real situação da poluição ambiental no entorno de Marília

Foto 01O impacto da poluição na degradação ambiental do entorno de Marília será mensurado, a partir de 2013, num dos mais sérios trabalhos de pesquisa já realizados na região: a ONG Origem coletará amostras em córregos e rios para dimensionar o tamanho de um problema conhecido por todos. Os estudos pretendem apontar as reais condições da contaminação por agrotóxico e metais pesados e servir como subsídio para a implantação de políticas visando minimizar ou, se possível, remediar os efeitos das agressões registradas até o momento.

À frente do trabalho estão dois profissionais de primeira linha: a consultora e coordenadora dos cursos da Master Ambiental Suzana Más Rosa, médica veterinária, com mestrado em Geoquímica e Meio-Ambiente e doutorado em Química Analítica, ex-coordenadora de pesquisa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) tendo no currículo consultorias a grandes empresas e organizações como Petrobras, Aracruz Celulose e IBAMA. Outro profissional é o presidente da ONG, Antonio Luiz Carvalho Leme, formado em economia e geografia com diversas especializações em Recursos Hídricos e Meio-Ambiente.

Foto 02 Leme e Suzana à frente dos estudos

Antes de embarcar para Salvador, quinta-feira, onde buscará apoio à pesquisa de Marília, Suzana concedeu entrevista exclusiva ao Correio Mariliense, acompanhada de Antonio Leme. Ela contou que quando trabalhou no “Instituto Baleia Jubarte” e nas pesquisas sobre a vida marinha deparou-se com análises cujos resultados da “causa mortis” eram inconclusivos. Foi então que iniciou as pesquisas sobre a relação da poluição química e a mortalidade de animais marinhos.

Dos inúmeros estudos que participou na Universidade Federal da Bahia, Suzana foi atraída para as pesquisas que relacionavam a contaminação à saúde pública. Dessa forma, de volta a Marília, em setembro de 2010, ao encontrar a situação “precária da cidade, que não trata seu esgoto”, começou a pensar num estudo que pudesse mostrar as condições da poluição ambiental para que providências sejam tomadas o quanto antes.

CUSTOS ELEVADOS

Idealista, paralelamente à atividade de consultora ambiental, Suzana Más Rosa encontrou na ONG Origem a parceria perfeita. Ao ingressar no grupo, a troca de informações com Leme e demais membros resultou na ideia do estudo científico. No entanto, devido aos custos elevados, o trabalho só poderá sair do papel com apoio financeiro (estima-se entre 20 a 30 mil reais) enquanto o apoio científico deverá vir da parceria com universidades.
Foto 03 Leme e Suzana à frente dos estudosApós retornar da Bahia, a pesquisadora tem encontros agendados na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e na UNESP (Campus de Assis). “Se a gente conseguir fazer a pesquisa através de uma universidade, os custos das análises diminuem bastante”, explicou Suzana, acrescentando que “a universidade quer dados para publicar e nós queremos usar a estrutura da universidade e diminuir custos”.

Segundo ela, cada análise de pesticida, por exemplo, custa em torno de mil reais. “Se a iniciativa privada ou alguém se sensibilizar com a causa e que entenda a importância de um levantamento como esse, do bem que fará para cidade, toda ajuda será bem-vinda”, assinalou.

ETAPAS

Segundo Leme, a “Avaliação da Saúde Ambiental de Marília” começará com a visita aos pontos de coleta de material. As áreas serão marcadas no GPS e avaliados itens como a acessibilidade aos locais para preparação do trabalho de campo. Na fase de coleta de materiais, serão recolhidas amostras de água, sedimentos e peixes (quando houver) para identificar níveis de pesticidas, agrotóxico e metais pesados.
“Vamos observar como é a qualidade da água que chega aos córregos, à zona rural, recolhendo amostras. Depois vamos recolher amostras de pontos mais adiante para comparar e checar os impactos”, explicou o presidente da Origem. Conforme disse, “não somos uma ilha isolada e, com certeza, encontraremos problemas, metais pesados etc”.

Por sua vez, Suzana Más Rosa assinalou que as informações corretas são necessárias para “tentar encontrar soluções e com isso fazer um apelo aos órgãos públicos, às empresas que poluem, aos poluidores, para tomarem medidas de precaução e de remediação, se possível, porque quem polui tem que se responsabilizar por fazer a limpeza”.
Foto 06 Locais serão marcados no GPS e haverá levantamento para checar as condições de acessibilidade

Os ambientalistas destacaram que existe legislação específica, mas que a fiscalização é deficiente por falta de pessoal. Através de dados científicos de uma pesquisa séria, amparada pela universidade, eles buscam identificar as fontes poluidoras e os poluentes que causam impactos devastadores ao meio-ambiente para que providências comecem a ser tomadas visando reverter ou frear os prejuízos já consolidados.

BIODIVERSIDADE

“O avião que pulveriza agrotóxico acaba com as abelhas, com os pássaros, destrói os elos da cadeia alimentar, o equilíbrio ecológico, além de causar problemas à saúde pública”, observou Leme. Já Suzana explicou que “existem poluentes que conseguem alterar o código genético da pessoa” e são apontados como causadores do câncer. No caso dos metais pesados, de resíduos industriais, é ainda mais sério: “Chumbo, cadmio, mercúrio, arsênio etc, usados em indústrias metalúrgicas, são acumulativos e não se degradam”.

Eles afirmaram que “o que já foi lançado está no meio ambiente e não tem o que fazer. A partir da detecção desses problemas poderá se exigir o tratamento de efluentes das indústrias. Não pode mais ter indústria que não trata seus efluentes e que os lança ‘in natura’ na rede de esgoto, que vai chegar ao rio mais próximo onde coletamos a água que vamos beber, que irriga as plantações, que usamos para cozinhar o alimento”.

Leme informou que, desde 2008, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos: “Ingerimos 5,2 litros de veneno, por pessoa, por ano” e que já passou da hora da tomada de consciência para o enfrentamento do problema.

Pelo cronograma da Origem, o projeto deverá ser iniciado no princípio de 2013 com a divulgação dos primeiros resultados no fim do primeiro semestre. Agora, o desafio é formalizar as parcerias com universidades e conseguir o auxílio financeiro para os ambientalistas fincarem os pés nas margens dos rios e córregos e desvendarem a real situação da poluição ambiental de Marília.

Matéria publicada na edição de 25.11.2012 do Correio Mariliense e modificada por Master Ambiental.

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