Os desafios de Cancun: créditos de carbono

Além de uma meta para redução de gases, é preciso incrementar o mercado mundial de créditos de carbono

por Fernando de Barros

A partir da próxima segunda-feira, dia 29, representantes de todos os países estarão reunidos em Cancun, no México, em busca de um consenso para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa, em especial o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4). Trata-se da Conferência do Clima, promovida pela ONU.

A COP 16 tentará avançar em relação à COP 15, realizada ano passado em Copenhague. Lá, os países reconheceram que o aumento na temperatura global não pode ser superior a 2º C e que é necessária uma ação conjunta para combater as mudanças climáticas.

A grande expectativa é de que aconteça, em Cancun, o que não houve em Copenhague: compromisso formal – em especial dos países mais industrializados – em se reduzir a emissão. O Brasil foi um dos poucos a apresentar metas concretas de redução de emissões, entre 36,1% e 38,9% até 2020.

Outro grande objetivo é encontrar meios de manter as matas em pé e, também, incentivar o plantio de milhões de árvores como forma de ampliar a absorção do CO2, além de incrementar o mercado mundial de créditos de carbono – uma das saídas para este grave problema.

Estudo do Banco Mundial afirma que o mercado de carbono continuará crescendo nos próximos anos. Com os países – tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento – apresentando novas metas, ainda que algumas sejam voluntárias, a tendência é que haja um aumento na demanda pelos créditos e, conseqüentemente, nas práticas de comércio envolvidas.

O mercado de carbono é um importante instrumento dentro das políticas climáticas internacionais. A negociação das RCEs (Reduções Certificadas de Emissões), mais conhecidas como ‘créditos de carbono’, deverá ocorrer nas bolsas de mercadorias e futuros, nas bolsas de valores e em entidades de balcão.

Outro instrumento importante é o REED (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) que privilegia a conservação das florestas. Como outros mercados, um poluidor poderá compensar suas emissões comprando créditos de quem ainda tem o que conservar. Por outro lado, se um dono de floresta mantiver sua mata em pé, será compensado financeiramente.

Com o compromisso assumido pelo Brasil através da lei 12.187/09, é necessária a imediata regulação do mercado de carbono voluntário no país, pois a demanda desse tipo de crédito vai crescer bastante.

Vou participar da Conferência da ONU como responsável técnico da Master Ambiental ao lado do advogado Carlos Levy, ex-secretário municipal do Ambiente. As duas próximas colunas, a serem publicadas nos dias 4 e 11 de dezembro, enviarei de Cancun, abordando as discussões e deliberações que vão ocorrer no evento. Até a próxima!

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